sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Enquanto a crônica do jogo não vem...

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Por LUIZ GUILHERME PIVA*
O futebol é cheio de saudosistas.

Não sei você, mas eu não gosto de saudosistas.

Só dos de antigamente. Aqueles sim eram bons!

Os saudosistas de hoje falam de um futebol que eu vi. E sei que ele pouco tinha de saudoso.

Os saudosistas antigos falavam de um futebol que eu não vi. Por isso, posso imaginá-lo,
convictamente, melhor do que aquele que eu vi.

A questão é de construção da memória.

Como o presente e o futuro – em qualquer tempo – ofertam muitas dúvidas e desgostos, idealiza-se o passado.

Se o país, o salário, os amores, os campeonatos, a glória e o bem-estar parecem sempre aquém do que poderiam ser, então eles serão, logicamente, piores no futuro e foram, também logicamente, melhores no passado.

O passado se retoca, repinta, apazigua, edita, controla.

O presente e o futuro, não.

E outra: com o tempo, quanto mais longínquo se torna o passado, melhor ele fica.

Por isso os jogadores antigos jogam cada vez melhor.

Os gols que vimos são cada vez mais bonitos.

Os dribles que você deu são cada vez mais fantásticos.

O seu time de botão, cada vez mais imbatível.

E por isso fica cada vez mais provável que o seu time venha, enfim, a vencer aquela decisão perdida, dolorosamente, em algum momento da sua infância.

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*Luiz Guilherme Piva é ex-craque.

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