Vou contar-lhes uma pequena história que aconteceu há muitos anos, mas que não deve ser esquecida. Eu estive lá e testemunhei a luta de grandes jogadores que enfrentaram os maiores desafios em nome do bom futebol.
Os tempos eram difíceis para esse esporte. Partidas eram engendradas ao bel prazer dos cartolas locais. Resultados eram manipulados. Jogadores promissores eram dispensados sem prévio aviso. Árbitros tinham os apitos e as mãos molhados pelo vintém.
O figurão da época chama-se Al Guilermone. Rios de dinheiro desaguavam nele. Mulheres, fama, poder. Ele tinha o mando de campo, de todos os campos. Ninguém o desafiava, e quem o fizesse, se pudesse, seria comprado ou então...
Aos poucos, o esporte perdera a graça. Já não se via futebol arte ou gols de placa, apenas jogadas previsíveis, pênaltis imprevisíveis e gols inesperadamente frustrantes para o torcedor.
Incrédulos, porém impotentes, nada se fazia para mudar a situação. Passado algum tempo, os “adversários” tornaram-se visivelmente inferiores para o clube de Al Guilermone. Tudo era óbvio demais.
Foi então que um clube local, até então pouco conhecido, restou chamado a enfrentar o todo poderoso. Pensava-se que seria mais um jogo como todos os outros. A partida então fora marcada. O time de Al Guilermone contra tal de CFC laranja.
A pressão iniciou no próprio vestiário. Ameaçados e jurados, os laranjas começaram a perceber o que iriam enfrentar não só dentro como fora de campo.
Do lado de fora, a torcida aplaudia a entrada do atual campeão, e aguardava o ingresso do time adversário. O suspense toma conta do estádio. Nenhum sinal do time laranja. Os boatos de que o adversário desistira dão espaço às chacotas e gargalhadas em menosprezo ao time. Mas a concentração do elenco era firme e as adversidades apenas o fortalecia para entrar em campo.
E assim o fizeram. Despidos do medo e da subserviência, enfrentando o poder da máfia local, eles jogaram sem inibição, mostrando todo o seu futebol. Mas o adversário era ardiloso, e logo de início providenciou a saída antecipada de Eduardo “Gato Mestre”, goleiro do CFC.
Mas o Cirrose Futebol Clube ainda tinha no elenco heróis como R11 “O fenômeno”, Bich“o Lino”, Fabiano “o Cachaça”, Maicon “o Charolez”, Pato, Marcos “O Filho do Minuano”, João Marcelo, Walter “o Capitão”, Fabre “o Alemão”.
E naquele fatídico dia 19 de abril, em que todos pensaram que mais uma vez a tirania e o poder prevaleceriam sobre o bom futebol, eles desafiaram os cartolas e não só venceram como golearam o time adversário por 17 x 4. Novos rumos para o esporte foram traçados a partir daquela data.
Homens sem medo, incorruptíveis por natureza, eles ficaram conhecidos como Os intocáveis da bola.
A corrupção e o esquema milionário de Al Guilermone foi desmantelado, graças a essa partida. Foragido até hoje, há quem diga já ter avistado o cartola em bares da Capital gaúcha.
Mas isso já é uma outra história...
3 comentários:
Exatamente, TheGusta Kid...Ainda hoje, nos dias atuais, lembro daquele dia, céu fechado, escuro carregado, raios, tempestade e fortes ventos...Recordo ao entrar em campo, ver "Al Guilermone", com aquela olhar de lince, intrigante, abissal, com uma postura fria. Contudo, no início da partida, desafiamos a tempestade, caminhamos sobre os raios, amaldiçoamos a escuridão. Conheciamos nosso adversário, porém, a força estava do nosso lado porque conheciamos a nós mesmos. Fomos vitoriosos no ataque e invulnerável na defesa. Nossos dias nunca mais foram os mesmos, e assim, ficamos conhecidos como os homens sem medo, os incorruptíveis por natureza, definidos como "Os intocáveis da bola". Avante Intocáveis...
Essa matéria merece o Prêmio Pulitzer...rsrsrsrsrsr...a pergunta é quantas tu tomou para toda essa criatividade vir à tona?...rsrsrsrsrsrsrr.
Ouvi falar alguns boatos" quentes que o cartola supracitado Al Guilermone anda disfarçado pelas praias paradisiacas de santa catarina, mas como quem revela fonte é agua mineral, vou ficar aqui, bem de cantinho, só na cervejinha....
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